Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ
Fiquei nuvem
A chuva veio de mansinho
Foi acariciando meus cabelos
Meus ombros e eriçando meus pelos
Colando no meu corpo devagarinho
Como quem não quer nada, meio pacata
Foi encorpando e vindo de todos os lados
Deixei lavar minha alma, meus pecados
Escorria pelas minhas costas em cascata
Batia da cabeça aos pés, sem nenhum pudor
Fustigando meu rosto nu e meu corpo inteiro
Em conluio com um vento sorrateiro
Eu tremia e tilintava a balançar num torpor
Chovia a chuva em gotas fortes
Soprava e cantava com o vento
Uma cantilena ritmada sem sentimento
As folhas como dançarinas eram lançadas à sorte
Na luta covarde, tão sem forças que me abracei
Na prova temporal, senti solidão
Fiquei nuvem no céu do chão
Sem resistência me entreguei
Deixei chover, chovi também
Chorei
|
|
|
|
|