Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Papoula seca

 

O tempo não envelhece.
É um eterno florescer.
Também, o amor,
O coração, sim, este perece...
Bem antes de o tempo envelhecer.

E quando a vida era bela.
Sempre ia à janela...
Nos dias de primavera.
E olhava as flores...
Até que no jardim da praça,
Certo dia, colhi uma flor,
Nem gostava de papoula, mas era verão.
E a única que estava ao alcance da mão.

Guardei-a num caderno para ti...
Ainda está aqui...
Seca, descolorada, nunca pude te dar.
Pouco volto à janela hoje para olhar.
Mas, as papoulas ainda são as mesmas...
Não envelheceram, permanecem lá.

A do caderno, todavia, envelheceu...
Sem jardim.
Perdeu a cor.
Papoula seca, apenas.
Que um dia foi amor.

 

 
 
Poema publicado no livro "Nós & Eles" - Volume 2 - Novembro de 2017