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José Everaldo de Araújo
São Paulo / SP

 

 

Versos de um morador de rua

 

O céu e as estrelas são meu teto,
É o conforto que tenho nesse lugar,
O meu dia a dia é muito incerto
Debaixo desse céu, vivo à sonhar.

Enfrento tudo que vem da natureza,
Perversidades de quem não tem amor,
Sem jamais esquecer toda beleza
Que existe no visual de cada flor.

A lua e as estrelas me protegem
Do mal comum que me rodeia,
Dos sofrimentos do dia que emergem,
Como uma aranha tecendo à sua teia.

O meu lar, é deveras desprotegido,
É à rua, é um canto qualquer,
Todo o seu encanto é absorvido
Sem mesmo florescer sequer.

Sigo só, o meu triste caminho
Com esperanças de dias melhores,
Ter das pessoas respeito e carinho,
Que tratem os fracos, sem pudores.

Desejo uma sociedade menos cruel,
Que me enxerguem ao passarem por mim,
Estendendo à mão a quem está ao léu
E nesse grande estigma por um fim.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 142 - Novembro de 2016