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Orlando Sampaio Silva
São Paulo / SP

 

 

As águas falam

 

Ouço o murmúrio da fonte que brota na floresta;
o gênio hercúleo das águas, meu pai, ao meu lado,
me diz que as águas têm vida, que elas falam.

Nos mergulhos no igarapé,
vejo o borbulhar que emerge da água, em um sussurro,
que fala sobre o nascer do rio, sem revelar o seu destino.

Penetro na transparência absoluta das águas puras;
elas acariciam a minha pele, o meu corpo, o meu coração, a minha mente
e me dizem dos mistérios contidos em seu seio.

As águas, na mansidão originária, embora saibam,
não dizem qual será o seu leito futuro, que caminhos percorrerão,
por quais portos passarão, que barcos nelas navegarão.

Elas sabem que irão saciar os que têm sede,
que irrigarão os campos coloridos de grãos e de flores,
que serão condutoras de vida.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 143 - Novembro de 2016