Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

Amizade em tempos líquidos

Nem a poesia deste momento
Nem as águas do rio que se direcionam ao mar
Nem o silenciar das inquietas manhãs
Poderão em tempos líquidos
Definir o valor de uma grande amizade.

Nem o tempo que se evapora e se perde em suas horas
Nem o espaço que se desterritorializa
Em suas híbridas desconstruções
Nem a velocidade que avança as geleiras do saber em extensão
Poderão em sua fenomenal exuberância de ser
Decifrar o segredo que constrói uma digna amizade.

Nem mesmo a distância ou a presença vivida
No doce olhar de uma criança
Que chora quando se despede de sua mãe que precisa partir...
Nem mesmo o cântico que canta o grande pássaro que atinge os altos céus
Poderão em sua farta e divina manifestação
Decodificar o verdadeiro conteúdo que alimenta uma sincera amizade.

Tudo pode passar, tudo pode se perder...
Menos a amizade feita de puro linho de algodão
Tecida com o doce encontro de dois signos que a sustentam:
A gratidão e a admiração...
E assim em todo tempo ama o seu irmão
Que sempre lhe estendeu a mão.

 (Homenagem a Márcia, amiga do coração e grande contabilista grapiúna)