Carlos Roberto Fernandes
São Mateus / ES

 

Nada há de novo debaixo do Sol

 

Homem, estranhíssimo caracol,
Vive fixado num só movimento:
Fazer, desfazer o mesmo tormento,
Sempre fisgado no seu próprio anzol.

Vindo na escuridão ou sob farol,
Com passo largo, estreito, desatento,
Vítima-algoz do próprio sofrimento:
Não há nada novo embaixo do sol.

Nada vale espesso ou delgado gosto.
Quanto mais escreve a mão novo verso,
Mais silêncio e rascunho, mais anverso.

Seja tudo igual num mundo disperso,
O veredito final está posto:
Em mais conhecimento, mais desgosto.

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 145 - Janeiro de 2017