Giovani de Assis Duarte
São Sebastião do Paraíso / MG

 

Metade no preto e branco

 

Resplandece em branco em minha tinta preta,
desliza em traços em páginas soltas
metade de sombra, metade de luz,
o claro e o escuro, o dia e a noite
preenchendo o preto e o branco da escrita.
A tinta se espalha, sigo conduzido e amado
imerso na brancura, tomado pelo negrume
irradiando a tinta neste papel a escorrer
pelos pincéis em vasto horizonte, eu e você,
duas pinturas feitas pelo mesmo traço!
Escureço as sensações através da tinta
deslizada na brancura dos papéis
soltos da imaginação. Assim Reinventamo-nos
em contorno pelos nossos corações desenhados
na trajetória do traço pelo espaço da escrita entre
estrelas e corações dissipando e revelando...
Pois sou o Preto completo no Branco,
um Homem amando uma Mulher
distando o céu no instante do olhar
me perdendo e achando-me num universo
completamente diferente dentro de nós.
Amor dentro do amor; procurando tuas
profundezas engoli todo o universo
na imensidão de mim no interior oblíquo
e pleno neste eclipse de estrelas ao luar.
Gravitando em ressonância anoitecemos e amanhecemos...
Dentro, nesta noite em nosso alinhamento
Fora, esperando o dia clarear.

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 145 - Janeiro de 2017