Aliomar Costa
São Paulo / SP
Falsos poetas
não irei jamais mudar de lado,
nem pra própria morte,
feito falsos poetas contrariados:
destruindo valores a própria sorte
o poeta não pode defender os brutos,
nem se apequenar no mercado financeiro,
mas deve estar sempre em luto:
contra as injustiças dos justiceiros
não deve pedir prisão pra ninguém,
pois sabe o que é o cárcere cruel e imundo,
só a liberdade salva alguém,
neste inferno chamado mundo
saber perdoar ao menos por coração,
não usar a vingança como arma,
não fazer da vida um sermão:
nem ser o carrasco empunhando a espada
a obra só imortaliza com a sutileza,
com amor, resignação e humildade,
o poeta e da flor a sua beleza:
do sentimento o enigma desta saudade
academia nem pra tomar um chá,
quem gosta de carregar peso morto é guindaste,
concretismo não é o viaduto do chá:
por isso tô fora deste desastre
ser poeta com rancor
não vale uma linha escrita,
pois semear a dor
não é obra de artista
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