Adeilton Oliveira de Queiroz
Gama / DF

 

 

Virginiano apaixonado (meio boring)

 

às vezes você pode achar que entre a gente as coisas mudaram
às vezes você pode achar que tô ressabiado,
entufado e que não  quero mais  ficar do seu lado,
mas tenha calma, tá tudo certo, porque
 é assim a minha natureza e a minha alma,
mas sou ainda aquele virginiano apaixonado
mas tenha calma ,meu amor, tenha certeza que tudo tá bom, tá beleza ... eu tô apenas um pouco fora do tom  e saiba se eu um dia de verdade eu me chatear
eu te chamo  pra conversar
a vida é muito boa, e  por ela tenho grande gratidão
mas tem dia que eu acordo meio boring, uma saudade , sei lá, no coração
e em dias assim, meio boring, não pergunte nada, nadinha  e ponha  apenas um beijo doce de good morning em mim
hoje tô assim porque é mais fácil e melhor pra ti, do que eu abrir meus lábios pra te ferir. porque quem nunca?
quem nunca perdeu o senso,  perdeu até aquilo que nem lembra  e acordou com uma certa insatisfação?
quem nunca perdeu o tino, perdeu a noção?
quem nunca acordou vazio de alegria e gratidão? 
a vida é muito  boa, porém às vezes lembra uma torta gangorra ;
quem nunca acordou meio fruta fora da estação sentindo um peso no coração?
quem nunca perdeu o prumo e chorou quieto escorado num muro? quem nunca? desejou ficar sozinho, e se viu sendo seu próprio e único ninho?
quem nunca abriu a boca e falou  o  indevido e constrangeu mãe,  família , colegas e  amigos?
sou assim meio lá, meio aqui. quem nunca perdeu as beiras e estribeiras, e chutou porta de carro, portão e geladeira?
e depois se arrependeu de tanta besteira?
então hoje acordei assim meio no limite, meio boring...então não dê nenhum palpite,  apenas me dê um beijo de good morning
não queira entender o que aconteceu, porque hoje o que eu sinto
só diz respeito  a mim e eu
não queira entender o que eu senti, porque hoje o que eu  
penso fica apenas entre eu e mim 
porque hoje acordei assim meio boring,
então me dê apenas um doce beijo de good morning.

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Volume 146 - Fevereiro de 2017