Abraão Leite Sampaio
Curitiba / PR

 

Augusto dos Anjos
"o poeta da morte"

 

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
O advogado que nunca advogou
Deu preferência ao que seu coração pedia
Rendeu-se por inteiro à chama da poesia

A originalidade de sua literatura
É calcada em sua angustia e pessimismo
Apartando-se por inteiro do lirismo

Entrelaçava a vida com a morte
Com o frescor e naturalidade
De quem caminha por relva fresca

Era dono de uma peculiaridade
Que chegava a assombrar
Seus versos vinham cantados
Antes de serem em papel “rabiscados”

Diferenciava de todos
Compunha em voz alta e gesto teatral
Ora perambulando pela casa
Ou dando passos “voadores” pelo quintal

Deu ênfase ao verbo morrer
Mas fugia da morte ao dizer
Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Sorte!  
Quem enfatiza este substantivo
Almeja corpo sadio e vivo.

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 147 - Abril de 2017