Claudia Fontenele Alves da Silva
Águas Claras / DF

 

 

Como pássaro

 

Como pássaro engaiolado,
Vejo a beleza da natureza
E, não posso voar.
Como pássaro,
Quero voar livre pelo horizonte,
Poder pousar nos galhos das árvores
E sentir o perfume das flores,
Sentir a brisa do mar.
Como pássaro engaiolado estou,
Cortaram as minhas asas,
Colocaram uma corrente em meu calcanhar.
Já não posso voar, já não quero cantar.
Privaram-me da liberdade.
Sou como andorinha sem ninho;
Sou como folha levada ao vento.
Como pássaro engaiolado,
Acostumei-me com as grades.
Agora, que estou livre,
Já não sei voar, já não sei cantar.
Descubro que as grades estão em mim.
Não consigo contemplar o belo,
Não consigo voar sem me machucar.
Sentir o perfume das flores não posso;
Sentir a brisa do mar me sufoca.
Estou engaiolada com grilhões eternos;
Só a morte pode desarraigar os grilhões existenciais.
Liberte-me ou me deixe morrer.
Alguém me chama além...
Vou voando para os braços de Morfeu:
Acorde menina, foi um sonho.

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 148 - Maio de 2017