Maria do Carmo Santos da Silva
Salvador / BA

 

 

Casto lar

 

Ainda bem que morri
Pra não ver o lugar onde vivi
Com esse aspecto fétido,
Aberto a estranhos visitantes, ratos, baratas.
O bicho homem entocado se drogando
Definhando...
O mato crescendo...
Minh,alma gemendo, clamando, gritando
O povo que passa finge não está vendo
Tem venda nos olhos,
Ignora a carcaça do velho sobrado
Onde poetizei, amei, sofri, chorei amores perdidos,
Defendi negros sofridos.
Incompreendido pereci, mas, não me afastei
daqui não arredei pé.
Movido pelo amor, e pela fé, sempre acreditei
que o homem não é o que leva
e sim o que deixa.
Então fica meu pedido:
Quero meu sobrado reerguido.
É aqui que eu vivo, é aqui que eu resido.
Afinal:Sou ou não sou Imortal?

(Homenagem ao poeta Castro Alves)

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 148 - Maio de 2017