André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Soneto

 

Eu acordei na vírgula do texto!
E hoje sei... Sou ponto sem valor
Até no luto é falsa a minha dor
De um ao quinto eu serei o sexto...

Eu sou o pó que fica do asbesto
Que vai minando a vida interior
Descolorindo até ficar sem cor
Eu sou a escrita agora sem pretexto...

Então eu deixo o que eu quiser, falar
A desprendida folha pelo ar
Do outono que jamais é primavera...

Depois chegando aqui neste terceto
Enterrarei meu último soneto
Como a semente ao solo desta terra...

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 149 - Junho de 2017