Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

Reminiscências

 

A tarde vai findando.
Já pinta de ferrugem o horizonte.
O meu coração que no silêncio se esconde.
Por trás da tarde serena olhando os montes.

As horas passam desamparadas.
E o peito a soluçar momentos que nunca esqueceu.
E o coração se entrega ao afago expectante.
De todos os instantes que um dia viveu.

E da janela a brisa suave e fria.
Estende a mão para a noite a chegar.
E o silêncio atônito.
E o olhar distante.
No semblante sombrio a suspirar.

Nenhum alento vem trazer a madrugada.
O coração, ouvidos, desejos, tudo fantasma...
Até que lentamente amanheceu.
Então, elevo os meus olhos para o alto.
E a prece silenciosa que murmura “quando o encanto se perdeu”?

A angústia retrocede na mente vaga.
E o coração recolhe só as alegrias.
Então percebe que o céu está azul.
Tão azul como o céu dos nossos dias
.


 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 154 - Novembro de 2017