André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

Caudal do tempo

 

Ó tempo, pare! Faça-me feliz agora
Enquanto, move-se mundano o céu do mundo,
Eu sempre fico mudo e de olhar profundo
À luz de teu entardecer trazendo aurora...

Ó tempo, perca...! Seus ponteiros nesta hora
Devora teus minutos num voraz segundo
Sobrando o presente que te faz fecundo
O resto é o que jamais virá e foi embora...

Detenha-te, ó tempo, em qualquer lugar
Em qualquer tempo teu, excêntrico, vulgar,
Mas deixe-me feliz enquanto tu te esqueces...

Ó tempo...! Que saudades tua na criança
No tempo que passou trazendo-te em pujança,
Eu sei! Pois, tudo passa... Mas não envelheces...

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 155 - Dezembro de 2017