Lígia de Oliveira Braga
Jaboatão dos Guararapes / PE

 

 

Sentindo falta

 

E nesta distância tudo se aflora
Infinito como a aurora
Do amanhecer lá fora
Só a saudade agora

E as lágrimas que não mais contidas
Porque o amo e sinto
Desta dor não escondida
Porque pra você eu não minto

Consigo claramente entender
Pois compreendo bem agora
Pois sinto falta de ter
Você aqui e sempre outrora

Quero sentir teu gosto enlace
Tocar seu rosto semblante
Encostar a pele de minha face
Nem que fosse apenas por um instante

Como eu queria violar
Por um minuto amansar
Esse tempo difícil de enrolar
Que insisti em não passar

Que este tempo passe logo
Porque já abri a contagem regressiva pra lhe ver
Mas já tracei meu foco
Nesta saudade progressiva de ser

Porque ela só cresce a danada
Bate toda hora em meu coração
Já fechei a porta pra essa assanhada
Mas ela não tem jeito não

Bate e bate e bate
Quer entrar o tempo todo
Oh saudade maldosa
Vai pra longe de novo

Porque ainda preciso ficar
Estar aqui e completar
O propósito desta distância
Pra logo poder voltar

E aí, sim, estar nos braços
Matar esse calor que consome
E fincar meu corpo em enlaço
Do meu amor do meu homem

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 157 - Fevereiro de 2018