Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Vem

 

Vem comigo, não solta a minha mão, vamos caminhar, está a amanhecer.
As trevas de ainda há pouco, se vão lentamente, o sol já começa a aparecer!
Não me veja com olhos de chatice, dá-me uma chance de apresentar-me.
E me deixa conhecer você...

Eu sou as ondas altas do surfista e das águas a calmaria.
Sou o rompante do apaixonado e do entediado, a mesmice.
Eu sou o que para uns é noite e o que para outros é dia.

Sou a rotina do trabalho, os altos, e baixos e os desvios.
Eu sou o abismo da monotonia e o submerso do olhar.
Sou o desânimo, a esperança, a alegria ou o duvidar.
Sou o estupefato, o atônito, sou cada jeito de pensar.

Sou o amparo do esperançoso e a realização de quem confia.
Sou a raça, sou o credo e a etnia, e também a indecisão, o medo a covardia.
Sou a calma da espera, a aflição do ansioso, e a lágrima que chora o momento.
Eu sou a razão, a sensatez, a estultícia, a coragem do intrépido.
E sou também a explicação do fingimento.

Eu sou acervo de amor, o belo, o feio e o interessante.
Sou a inexperiência, a sabedoria e o virar do vento.
Eu sou o que der e vier do instante!

Eu sou, e sempre serei o presente.
Eu sou aquela, em que nem sempre a pergunta é respondida.
Mas sou incontestavelmente o futuro do tempo....
Eu sou a VIDA!

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 157 - Fevereiro de 2018