Claudia Fontenele Alves da Silva
Águas Claras / DF

 

 

Máscaras

 

Sou exagerada!
Digo com sinceridade:
Sinto tudo infinitamente.
Amei em demasia.
Olho no espelho
As cicatrizes que ficaram,
Os sorrisos desfeitos.
Coloquei no peito
A máscara da indiferença:
Já não importa a ausência,
Digo com fingida alegria.
Pelo espelho refletido,
As lágrimas rolam,
Enquanto o sorriso
Se desmancha no rosto.
Ponho máscaras
Todos os dias.
Sinto infinitamente
Atravessando o peito dorido
A adaga do ódio.
Quisera odiar-te!
Digo a todo pulmão.
Contudo, infinitamente
Levar-te-ei em meu coração
Enquanto fôlego de vida
Houver no meu ser.
Sou exagerada!
Ponho máscaras
Para diminuir a dor
Da infinita solidão.

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 158 - Março de 2018