Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Caminhos secos

 

 

Na alma às cegas ...
Ao sol que cresta.
Na carne a lâmina da indiferença.
No rosto as rugas Severina.
Na calma segura de quem nada sabe.
Na trilha desvalida.
A ponto de morrer assim...
Em vida.

O silencio imóvel que lhe suga.
Os caminhos secos que lhe tiram:
“A estrada de sua sina. ”
Nas mãos vazias, só.
Ao meio dia, lata d’água lamacenta.
Como quem mata em vida.
A sentença de morrer de morte lenta.

E do alpendre.
Os olhos baços seguem na curva do caminho.
Todas as promessas de um novo sol para brotar as folhas.
Não há escolha! Só as mãos estendidas na saída.

Na mão calejada fica, ainda, o arranho da última...
Morte vida dolorida.

A poesia, então, solidária.
Como vento espalha-se...
Só que, colorida!

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 158 - Março de 2018