Tânia Mára Souza Guimarães
Uberaba / MG

 

 

Palavras

 

Há aquele que lavra a palavra e aquele que apenas a pronuncia,
Sem pensar, sem se esforçar...
Já ouvi dizer que os poetas brincam com as palavras
Mas agora estou pensando
que elas também brincam com o mundo.
As palavras brincam com o mundo como se poetas fossem.
Neste exato momento, vagueiam em meu pensamento,
Centenas de milhares delas:
Palavras de consolo, conselhos, palavras de alento,
Palavras sem nexo, palavras de tormento...
Palavras, palavras, palavras...
E eu, pensando nas tais palavras, perdida em meio a tantas delas,
Estou aqui com um papel em branco,
com um velho coração em pranto,...
Sem saber o que dizer, o que escrever...
“escuta, presta atenção: quando me vires quieta...”
Sentindo-me uma carta que não foi aberta...
Sem assunto... sem ‘querer’,
Embora haja tantas palavras,
Eu, que tanto brinquei de ser poeta,
Que sempre trouxe a alma tão aberta,
Simplesmente não sei mais o que escrever...
Se me faltam as palavras ou se elas são demais para mim...
eu não sei.
Quando andando pelas ruas, de alma rasgada e ‘nua’,
Sem mesa, sem papel, sem um lápis para anotar
Parece que elas borbulham e até que vão me afogar;
Porém, quando só eu me assento, parece que tento, e tento...
Mas elas me escapam das mãos, dos olhos, do ser...
E isso, para quem vive e escreve, embora não viva de escrever...
Dói tanto como um adoecer!
Ah! Como eu queria, agora mesmo, poder escrever!!!

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 159 - Abril de 2018