Elizabeth Maria Chemin Bodanese
Pato Branco / PR

 

 

Versos de sangue

 

Em razão da violência,
Constante no meu país,
Deixei tudo para trás...
Abandonei a minha casa,
A macieira e as flores que plantei,
Crendo lá fora encontrar
Um lugar seguro para morar.

Imaginei estar no paraíso
Quando as águas transparentes
Do Pacífico avistei...
Porém, numa tarde
Em que tudo parecia tranquilo,
As sirenes tocaram alto
E pensei em assalto!
Ah, se só isso fosse!
Um barulho ensurdecedor,
Lá na escola onde eu sonhava ser doutor,
De vermelho cobriu o corredor...

Procurei meu irmão e meus amigos
No meio de gritos de terror,
De sangue, de choro e de dor...

Até quando, Senhor, armas em mãos erradas?
Elas não deveriam ser das Forças Armadas?
De uma polícia especializada?

Ah! Eu andei e eu andei...
E a paz no mundo eu ainda não encontrei...

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 159 - Abril de 2018