Abraão Leite Sampaio
Governador Valadares / MG

 

 

Graciliano Ramos

O escritor que escreveu seus livros a mão


Quando prefeito da miúda e carente Palmeira dos Índios
Agiu como administrador enérgico e com extrema dignidade
Seus predicados ecoaram a nível nacional
Trazendo orgulho e contentamento ao povo da cidade

Em curto período político
Deixou exemplos à classe que decidiu abandonar
À Heloísa sua amada... escreveu
 A preferência é dada aos imbecis e gatunos para governar  

Vamos... a sonhos transcendentais
Se Graciliano... como político se pluralizasse
Estaríamos “pisando” no primeiro mundo
Em compasso com as potencias mundiais

O capitalismo não era por ele indesejado
Demonstrava sim... explicita indignação
Com a perversa estrutura fundiária
Que predominava no nordeste da nação 

Com a renúncia... perde-se um excepcional gestor
Mas a literatura “agasalhou” com afagos
Àquele que viria a ser um brilhante escritor

Sua obra é diversificada
Romances, contos, crônicas...
Mas de sua privilegiada mente também saiu
“Pérolas” para a literatura infanto-juvenil

Seu período de encarceramento titulou obra grandiosa
Em Memórias do Cárcere...
Alerta sobre a incontestável impudência
Do Estado Novo de Vargas... que impunha privações e torturas
Mesmo aos que carregavam o “manto branco” da inocência

De seu legado...
“Vidas secas”... define o sertão e o sertanejo
Eximindo o leitor de um “apalpamento” pessoal
Para ter um conhecimento abrangente e real
De que o homem que ali vive...
É áspero e de vocabulário minguado
Resultado da opressão e injustiça imposta pelo Estado.

 


 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 160 - Maio de 2018