Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

 

Uma flor qualquer 


Como semente fui germinada
Desabrochada no colo do dia
Sou flor dos jardins da madrugada
Coberta de orvalho em noites frias

Pisada por borboletas descuidadas
Com ricos raios de sol a me colorir
Seduzida me entreguei encantada
Só por hoje vou me deixar conduzir

Doei meu mel a famintas abelhas
Cri em promessas de bem querer
A sombra aos meus pés se ajoelha
Tempo de alegre ilusão do prazer

Invejada por ter beleza desigual
Colhida por mãos desconhecidas
Sem completar meu ciclo floral
Ingênua rainha coroada despida

Emurchecida em qualquer jarro
Como enfeite no canto esquecida
Sou flor de carne vinda do barro
Insólita história do beco da vida

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 161 - Junho de 2018