André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Cerâmica


Vestiu-te o pó, o pó te despirá...!
Do pó da argila, molde fez o tempo
Quem te soprou a vida foi o vento
Pro fogo te roubar um dia o ar...

Argila, fino grão te fez andar
Oleiro coroou-te o pensamento
E te esculpiu um coração ao templo,
Mas uma urna além pra te aguardar...

A água, maleável fez-te ao pranto
Alegre, triste... Única beleza
Na durabilidade de tua vida...

Ao fim da vida surge o desencanto
Cerâmica quebrada à fria mesa
Que ao pó retornará despercebida...

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 165 - Outubro de 2018