Maria Ioneida Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Sonho do poeta

 

A manhã vem abrindo as suas asas.
O sol desponta olhando a serenidade da paisagem.
Um vento rasteiro desarruma as folhas.
Deixando um perfume fantasmagórico   na aragem.

Sóis e sombras que me julgam.
O bocejar de sorriso entediado.
Apenas peço a Deus em prece muda.
- Perdoa esse peito castigado.

Andei  arrastando o amor.
Pensei sentir da lua caridade.
Mas, apenas o peito do poeta que  transmuda.
Acima de mim as aves roubam a liberdade.
 
Eu só, em pensamento aguardo  primaveras...
Adivinhando o coração que vem a boca e se  perdendo.
O tempo é um gesto do silêncio.
E como tem que ser eu vou vivendo.

 Lágrimas  escorrem nas pupilas do escuro.
Coisas terríveis que torturam o momento.
Nem sempre se escolhe olhar o céu.
Ser livre é não saber ouvir o intento.

O que sei de mim é quase pouco.
Menor que a ilusão de abismos em que  acredito .
Mas vou tirar da luz a claridade.
Darei para  que o sonho do poeta.
Alcance nas alturas o cerne da eternidade.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 166 - Novembro de 2018