André Luiz de Oliveira Pinheiro  
Rio de Janeiro / RJ

 

Amor levado às correntezas...

 

 

Deixei meus olhos desvelados
Lá no horizonte doutro dia.
Levaram-se nos ventos frios
Ao mar serão desembocados
Por correntezas de alguns rios...

Aos meus ouvidos dilatados
Nenhum silêncio se atrevia
Nem mesmo aqueles sons vazios,
Pelos desvios olvidados,
Abomináveis e sem brios...

Pra que aromas lá dos prados?
Se meu olfato ali morria
Naqueles leitos tão macios
Percursos feitos, carregado
Por uma folha em desvios...

E em meus dedos demonstrados
Nas impressões eu existia!
Mas os meus rostos sem feitios
Onde meus olhos afogados
Às águas foram já tardios...

Profundamente sepultados
Levando-os com a poesia
Que um dia fez do mais gentio
Morrer de amor com alegria
Ao mundo vivo no passado
Do tempo que nos conhecia...

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 166 - Novembro de 2018