Aliomar Costa
São Paulo / SP
Café - bloco de carnaval
o café anda triste e mais frio,
sua ausência calou minha caneca,
o leite desandou e foi pro rio,
o pão ficou seco sem a sua geléia.
na mesa só sobrou tristeza,
quando seu olhar foi embora,
sobrou torradinha, faltou manteiga,
o chocolate de saudades ainda chora.
açúcar demais: amarga a doce união,
mas o adoçante é sempre o mascarado,
o café solúvel do senador perdeu a eleição,
é tudo quartel, é tudo soldado.
assim o sol da manhã anoiteceu,
a torradeira ficou aposentada,
a lua nem te avisou, piscou,
que cadeira pra chá é outra parada, sem parada.
a faca do destino já não andava mais afiada,
ser enfeite só pra bloco de carnaval,
a amizade às vezes fica enferrujada,
palavras são apenas um velho coador marginal.
(dedicado a KDA)
|
|
|
|
|