Ismar Carpenter Becker
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Eternamente

 

Eternamente do outro lado da vida
Doutro lado de um vidro escuro que a tudo observa em silêncio
Eternamente na dúvida: se do outro lado o materialismo impera ou não
Tentando em vão adiar a passagem pela porta do infinito
Infinito sono eterno reparador
Sem dor, angústia, aflição ou ansiedade
Sem poder interferir em nada do lado de cá do vidro
Seguindo a cabeça pensante
Deixando o coração descansar de tanto sofrimento de águas
que não movem mais moinhos
Águas que foram carreadas pelo rio-mar
Passagem de uma vida de altos e baixos
Seguiremos deixando pegadas na areia mesmo com os pés feridos

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 170 - Abril de 2019