Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

Lágrimas de lama

 

 

A Vale (como o nome sugere) vale muito, mas…
Algumas pessoas acham que VIDA não vale nada!
Acham apenas, que a única coisa que vale mesmo
É a ganância pelo lucro desenfreado.
Vida humana não vale
Vida animal não vale
Vida vegetal não vale.
Nesse vale de dor e desesperança
Lágrimas de lama, dos que perderam tudo
Se misturam com o cheiro do sangue
Dos mortos inocentes da tragédia.
Vale outrora verdejante
Hoje…jaz agonizante
Após essa hecatombe insana.
Mortes no atacarejo, na lama pútrida
Que contamina tudo:
A terra…água…ar…
Poluindo o ambiente.
Não o “meio” ambiente, que não existe
Pois jamais se viu meio pássaro…
Meio vegetal…meio rio…meio peixe…
Meio…meio…meio…
Não!!! Tudo é “inteiro”…formado de partes
Que se inter-relacionam, constituindo o todo.
Como, infelizmente, também se formam as partes
Da certeza da impunidade dos culpados
Por esse imensurável crime ambiental.
Mas não se esqueçam: o que realmente
Vale mesmo acima de tudo, é a VIDA!

(Às vítimas do rompimento das barragens de contenção de rejeitos de minério da Vale, nas cidades de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais).

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 171 - Janeiro de 2019