Elizabeth Maria Chemin Bodanese
Pato Branco / PR

 

 

Sementes

 

Plantei sementes de cuidado e de amor.
Falei das matas e das águas...
Matas e águas, hoje, contaminadas
Pela cobiça, egoísmo e ambição
Do indivíduo centro do universo!
Indivíduo “cego” e ser perverso.

Falei da doçura e do sabor
Dos frutos da terra plantados e cuidados
Por mãos calejadas de um trabalhador,
Que atropelado por máquinas, pelo trator,
Fugiu para becos em metrópoles asfixiantes,
Nos cortiços opressivos, escravizantes.

O robô, em que o ser cruel se transformou,
Não consegue ver, ouvir ou sentir
O fundo do poço em que se jogou.
Para ele, basta o prazer do presente.
O futuro da humanidade, não lhe pertence.

Plantei sementes de cuidado e de amor.
O tempo passou e nada na terra brotou...

Apesar de triste e da velhice que chegou,
A esperança não me abandonou.

Por isso, chamo você, caro leitor,
Para juntos semearmos, novamente,
Do cuidado e do amor, as sementes...

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 174 - Agosto de 2019