Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA


 

Poeta das coisas intocáveis

 

Num minuto de tempo disperso vivido
Sinto que habita em mim um novo ser desconhecido…
Construído por tantas experiências
De um “barco” a navegar sem bússola…
Aprendi a contar com uma força além daquilo
Que chamamos liberdade sem fronteira…
Aprendi a ser não sendo…
A encarar um desconhecido que habita o meu interior
Fazendo de mim um viajante que sonha solitariamente…
Sendo a margem que se descentra,
A escrita que não encontra caminho que ampare seus signos explosivos…
O distante, distraído, aquele que ainda não se viu
Porque falta em si uma parte de si que o tempo interrompeu…
Esse tempo que não se mostra mas é sentido por todos nós…
Cruel tempo avassalador e assustador!
Que impede que eu atravesse o grande rio de barco…
A navegar infinitamente…
Tudo o que se deseja se perde em seu próprio engano
Formado por tantos sentidos aprisionados por uma força desumana
Que faz do poeta das coisas intocáveis, dos dias sem horas…
Enxergando em sua lucidez a amarga loucura
Que faz da vida um rio que nunca dorme
Águas amargas, amparadas por híbridas correntezas…
Temperadas com a doce saudade que nos resta
Da estrada feita de sonhos e ilusões…
De acorrentadas letras que dão à vida
Um sentido feito de poesia que não se toca
Apenas se sente…

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 175 - Setembro de 2019