Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Eterna não-vontade de servir a quem vence: o vencedor

 

Delirar, respirar, afogar-se em suas líquidas perdidas ideias
Mar de destroços, restos do ser em sua inquieta desordem
Águas turvas que buscam um rio feito de sangue derramado…
“Escura luz” que enche de trevas o caminho dos opressores
Potencializa em sua precária forma humana de pensar
Traços de ruídos doloridos, cacos soltos de um navegador desequilibrado
Que faz da não-palavra sua bússola discursiva a caminho da errante estrada
Feita pela perda de sentido da história mal traçada
Distraindo-se de seus sonhos feitos de ilusões e divagações…
Rosas petrificadas, perdidas em seus jardins feito de ódio e rancor
Onde o “jardineiro” não planta mais como nos velhos tempos
Pois a terra está contaminada pela corrupta individualidade
Dos homens que, sem poética alma, vivem à sombra de seus errantes signos
Alimentando-se de palavras que não se sustentam na poética fonte que dá à vida
O sabor essencial e primordial na construção da serena vontade
De fazer poesia com a vida feita de potência e liberdade...
Errantes seres, sons que se desviam de suas formas…
Formas que se estruturam em seus errôneos castelos feitos de areia decadente
Que o vento leva facilmente por serem “castelos da opressão”
Prontos para dominar o outro com a sua vencida forma colonizadora de ser…
Pedras feitas de imbecilidade, inutilidade, truculência e infidelidade…
Com o tempo desaparecem, suicidam-se em suas estradas perdidas
Enraizadas por repetidas histórias que violentam a razão…
Nada fica desses insanos bichos humanos contaminada pela doença
Chamada alienação, enfermidade que deforma o ser
Conduzindo-o à sepultura de espíritos que malignamente vieram ao mundo
Para serem vermes em forma de espécie humana
E como vermes desaparecerão por serem seres dominados
Pela eterna não-vontade de servir a quem vence: o vencedor.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 176 - Outubro de 2019