Paulo Tavares
Miguel Alves / PI

 

 

Noites cálidas

 

Ó noites! Cálidas noites!
Perdido na escuridão – sem lume
Ó noites de murmúrios, gemidos e açoites!
Painéis cotidianos que vislumbro

Ó noites de enigmáticos segredos,
Cujos mistérios o negro véu lhes cobre
Braços ligeiros; entrelaçar de dedos
Ondulação de espectros que a relva acode.

Gritos das aves de agouro: sons noturnos
Almas que bailam pelo infortúnio e dor
As tristes valsas de vai e vem soturnos

Noites serenas nos matagais brejeiros
Vultos de corpos sob o luar, perdidos!
Braços que se cruzam em gestos traiçoeiros.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 176 - Outubro de 2019