Gelcio de Barros Sormani
Petrópolis / RJ

 

 

O que resta

Os calos sobrando nas mãos
os dentes faltando na boca
as palavras que nunca entendeu
o prato que nunca provou
as coisas que nem imagina
o céu onde nunca voou
a honra acima de tudo
o direito que nunca chegou
a prece das seis da tarde
a fé que nunca faltou
a corformação com a sina
da miséria a toda prova
e o tempo passando sem graça
com a graça de Nosso Senhor.
Sua certeza de terra, uma cova
até seu resto de sonho secou.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 181 - Março de 2020