Maria Ioneida Lima Braga 
Capanema / PA
Aconchegos de inverno
A chuva batendo de mansinho no telhado.
Um ventinho da janela traz um frio leve,
e meus pensamentos de mil vozes.
A inquietude quebra o silêncio
como unha riscando vidro...
Os ramos são olhos molhados, cansados,
até inventei um monte de coisas,
são as verdades de meus infiéis propósitos,
sou uma experiência controversa,
acredito que as primaveras regam o broto
no mais profundo do ser...
Nesse inverno, dos pés feridos,
descalço os sentimentos de paz,
para descansar na varanda,
na calma da mente,
não há ninguém, só o inverno de jardim negro, e a noite,
e a chuva, e o vento,
um velho suéter aconchegado ao corpo,
uma xícara de chá quente...
Apenas caem as gotas lá fora uma a uma,
dividem o frio de um poema terno,
Poeta e poesia são aconchegos do inverno.
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