Claudina Goulart Suriz
Sentinela do Sul / RS

 

 

Alzheimer

 


Eu tenho Alzheimer, eu não sei, mas você sabe.
Nem sei mais quem é você, mas você sabe
quem eu fui e quem eu me tornei.
Você tem paciência comigo, eu não tenho mais.
Eu esqueço que já fiz minha refeição e você não se importa
que eu me alimente novamente.
Eu sujo a minha roupa, deixo a minha comida cair no chão
e me perco dentro da minha própria casa,
você não grita comigo.
Eu fico olhando, mas vejo tudo tão estranho,
desconhecido, distante...
Não sei se vejo algo de bom,
mas gosto quando você me dá carinho.
Obrigado por você cuidar tão bem de mim,
mesmo eu não podendo dar-lhe nada em troca.
Passo grande parte do tempo que ainda tenho
de olhos fechados, quando eu menos esperar
eles permanecerão fechados para sempre.

 

 

 

 



Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 189
Novembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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