Nandà Luccâs
Piracicaba / SP

 

 

Elas queimam


 

Era 2020 e tínhamos uma pandemia.
Maior que ela, somente a teimosia.
Maior que ela, somente a avaria.
Maior que ela... muito maiores que elas,
As florestas queimam.
Do fogo mantido pela euforia
Do desgoverno da patifaria,
As máscaras, às vésperas, à noite, na surdina,
Boiadas que se passam, sem vergonhas e sem cloroquinas,
Enquanto os animais e as florestas queimam,
Eles pedem alforria,
E as almas clamam por água fria.
E as Amazônias, as Matas Atlânticas, os Pantanais,
os Cerrados e os Manguezais,
Minguam em nossas vidas, clamam por suas vidas,
E nós aqui do outro lado, lidando com pneumonias,
com aridez do clima,
Só há calma diante da pandemia?
Só a ciência poderia trazer luz ao que se incendiaria?
Que ela queime os males que vêm de Brasília,
E que em novos 6 anos, todo esse Agora,
Não tenha passado
De um breve suspiro
de agonia.

 

 

 

 

 



Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 189
Novembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
Anote camarabrasileira.com.br/apol189-031.html e recomende aos amigos