Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

A dor de poeta

 


Ao tempo cabem as flores dos jardins
Cabem os ditos de todos os ditos
O descaso governamental de governos desgovernados…
Ao tempo cabem as certezas e incertezas da labuta
O devir de uma estrada a percorrer...
Ao tempo cabem os livros, as verdades e as mentiras
Tudo que se verbalizava e se ressignifica...
Ao tempo cabem as horas, as perdas, as vitórias, as despedidas...
As palavras feitas de diversas casas discursivas...
Ao tempo cabe os amores, a poesia e as dramaturgias
A arte, a ciência, o desastre, a paz, a angústia
Ao tempo cabe a guerra dos seres e dos teres
A ordem, o caos, o desastre, a travessia...
Ao tempo cabe o passado, e o presente
Todo querer e não-querer estar-se preso sem vontade
Ao tempo cabe toda transitividade de transitivos transeuntes...
Ao tempo cabe toda forma imaginária de ser e estar no mundo!
Por meio desse invisível tempo as feridas cicatrizam...
Os traumas reajustam-se, diversificam-se, multiplicam-se
Em forma de poesia e prosa viva...
Só não cabe no tempo
O que ainda não fora vivido, sentido
Em sua total plenitude:
A dor do poeta.

 

(Homenagem à Silvana Peixoto aos tempos fespianos)

 

 

 

 

 




Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 191
Dezembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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