Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Poema líquido

 

 

Voltar ao passado
De nada mais vale!
Vale agora o vale da sombra da morte
Que rodopia o mundo inteiro
Cheque-mate do horror acumulado
Pela história de poder que fez da humana gente
Desumana gente, violenta, fria, cruel, vencida, inválida!

Voltar ao passado
Caminhar pelas ruas divagar, a passear, a meditar…
Pular no circo ou no parque na roda-gigante…
Abraçar o outro nas praças de ar puro…
Viajar, atravessar fronteiras, descobrir o mundo desconhecido…
Cavalgar, nadar, voar, distrair-se, sentir o fundo do imaginário…
Tornou-se devaneio de nossa longa história de vida!

Voltar ao passado
Carnavalizar o tempo
Desconstruir muros imperiais
É perda de tempo! É tempo sem perda!
A vida agora é feita de acasos e casos que abarrotam
As salas digitais de psiquiatras que ainda conseguem
Compreender esse novo mundo cheio de rachaduras!

Voltar ao passado vale!
Vale esse poema escrito tão solitariamente líquido, disperso, vivo, mnemônico…

(Homenagem póstuma ao meu tio Francisco -  o tio Chiquinho!)

 

 

 

 




Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 196
Julho de 2021

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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