Paulo Roges
Esperança / PB

 

 

Anjinho de barro

 

Fui moldado em barro vermelho
Por mãos molhadas
De suor barato
No pequeno alpendre
De teto de palha
E parede de pau a pique

Fui exposto ao sol impiedoso
Inclemente e persistente
Na falta de forno melhor

Sequei por sete dias
Boneco insensível e caricato
Meio portinariano
Figura disforme
Esdrúxula, virei arte
Me puseram num oratório
Ao lado de Santo Antonio
Só usado pra pedido
De proteção e de chuva

Bem... pelo menos aqui
Me sinto um pouco importante
Ajudante de santo bonzinho
Sou parte viva de Deus do Céu





Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 197
Agosto de 2021

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