Abraão Leite Sampaio
Governador Valadares / MG

 

Corpo sem vida

 

 

Por que este desamparo
Sem sequer um aviso
Sinalizando sua Ida
Da temporária habitação terrena?

Ou uma advertência
Como última ação
Que bem poderia ter dito
Com antecipação?

Se ao menos
Você desse o grito...
Porém não aflito 
Apenas... um leve sinal

Com a sutileza
Das sentinelas
No silêncio das janelas

Se... quando em corpo vivo
Assim procedesse...
Abrandaria este escuro
Silencioso e tão penoso momento

Que invade corpo e alma
Deste Eu...
Sem esperança e desprendido
Que agora tateia um apoio
Que lhe traga luz e sentido

Sentimento nunca imaginado
Meu desejo é que fosse o meu
Este corpo que se elevou a outro lado

Mas com a reciprocidade de amor
Nenhum ato resolveria
Porque esta dor...
Apenas de corpo se transferiria

Sensações dolorosas
E aterrorizantes
Fogem da capacidade de mensura
Dos seres pensantes

Mas lhe asseguro, amor meu...
Que sua Ida... deixou meu corpo
Com menos vida que o seu.


 

 

 

 




Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 204
Março de 2022

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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