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Marcia Neves
Fuga
Fugi
Muitas vezes fugi E na maioria delas Era a mim que escondia Pois ela, a vergonha Medonhamene crescia Por onde andava, via Via vidas que não eram minhas E na pobreza em que eu vivia De arrogância me vestia Sempre que não me reconhecia. Fugi da violência Até por covardia Fugir era mais fácil que enfrentar O preconceito de um A exclusão do outro Os gritos que ouvia O julgamento que muitas vezes Nem eu entendia Pois de casa mesmo surgia Fugi até de mim E nessa vida fugaz Pensando em me achar Em alguma parte do mundo Persegui algum risco Creditei algum outro Inventei que eu vivia E aí me perdi Me perdi no tempo Pensei que me achava Dei-me conta, por fim De que, se a vida não enfrentasse< Seguiria fugindo Do mundo, da realidade Em qualquer lugar Onde eu me encontrasse O mundo! O mundo não vai mudar Sem antes eu ousar Sem hesitar Acreditar em mim Sem querer fugir, jamais Da responsabilidade De me fazer aceitar, por fim Ou parar de existir O mundo não vai mudar.
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Poema
"Antologia de Poetas Brasileiros "-Volume 207 Julho de 2022 |
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