André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

 

Se um poema...

 

Se um poema vem falar de dor
Da vida com a cor do sofrimento
Deixando um rastro de destruição
Como tufão que deixa frio vento
E em parte leva o dom do coração...?
Escrevo-o e silencio...

Se um poema declamar tristeza
Por pôr à mesa toda a maldição
Do homem, poço aberto de frieza
Guardando ao fundo a devassidão
Numa beleza antiga, mas sem cor...?
Declamo-o e silencio...

Se um poema nada vir propor
Como vapor que se desfaz ao tempo
Tão fugidio quanto uma canção
Entrando a porta de um sentimento,
Saindo à janela da razão...?
Eu guardo-o e silencio...

Mas sempre que o poema vem alegre
É como um colibri que pousa à mão
Num sonho mais feliz, ainda breve
Trazendo em si a luz da imensidão
Da cor do céu... No verdadeiro amor...
Escrevo-o! E aí sorrio...!

Enfim, se um poema for veneno
Eu inoculo antídoto em vão
Que eu sentirei um mau efeito pleno
Ao se nublar sem dor minha visão
Não pela morte, sim pra vida pôr,
As lágrimas nos olhos frios...

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "O amor será eterno novamente..." - Março de 2019