Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Um lugar chamado saudade

 

Tem dias que a gente se sente sem norte,
Nenhuma bússola é possível…
Tem dias que a gente percebe que algo está fora de lugar
As palavras, os gestos, os sons, o ar, a chuva que cai…
Tem dias que tudo perde o seu costumeiro sentido:
O dia surge sem nenhuma novidade
A noite entra com estranha efemeridade
E uma angústia bate no peito da gente
Afastando-nos de nós mesmos…
Tem dias que precisamos fechar a porta,
Desligar a televisão, sair de cena…
Desabitar-se…
Desvincular-se do tempo e do espaço que nos aprisionam,
Mergulhar num estado sem fronteiras e sem pontes ideológicas
Onde não há lugar para nenhuma voz humana
Restando apenas a nossa própria voz: fria, singular e fora de lugar…
De repente nos damos conta do tamanho do vazio
Que torna a existência humana quando um estranho “eu”
Resolve nos visitar, um desconhecido eu…
Que nos invade sem nenhuma permissão…
Vindo de bem longe…
De um lugar chamado Saudade.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "O amor será eterno novamente..." - Março de 2019