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Amanda Meurer dos Santos
Lages / SC

 

A-mar

 

Mergulhei nessa imensidão de calmaria e me perdi. Perdi a noção do medo e me deixei levar nas ondas desse mar, sem preocupar com as correntezas que um dia me afligiram ou com o que se encontra em um possível fundo.  Perdi o foco do tímido desejo de uma vida erma que me envolvia, concentrei-me em engolfar-se nas águas cristalinas para sentir o gosto de estar leve. Perdi o controle do que um dia acreditei que tinha, entretanto, continuarei a mergulhar pelo desconhecido, limpando os destroços, abrindo o caminho para uma viagem sem turbulências, pois não posso viver à beira de receios tolos, esconder-se em justificativas ilusórias, não querer abrir os olhos e sentir cada gota nos pés. Fugir de algo que já tomou conta e me inundou é tampar o sol com a peneira, como diz aquele ditado conhecido.
Estou à mercê das ondas deste mar, não há como negar, não há. As correntezas me levam cada vez mais para o fundo e meu corpo já não é o mesmo, pois a essência do mesmo tomou conta. A imensidão me inunda e transborda leveza em cada viagem, perdendo-me mais e mais, além de encher-me de certezas, encantamentos e emoções indescritíveis. E aquele desconhecido, pelo qual continuo mergulhando, é tomado por curiosos dedos prontos para desvendar qualquer mistério que lhes tocam. Por lábios querendo pintar o sete e embebedar-se. Por olhos que correm cada detalhe, sem deixar escapar algum apressado. E também por um coração curioso, que obstina afogar-se nas águas cristalinas desse mar, sem se contentar-se com algumas gotas, pois as correntezas não o afligem mais. Logo o mar e eu somos um. Somos amor, a-mar.

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Outubro de 2016