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Maria de Jesus Silva Amorim
Viana / MA

O homem que virava porco

 

           Certo homem de hábitos bizarros vivia a se esconder num casebre de palha, situado em uma das ruelas de Viana, cidade muito antiga de ricos casarões e de ruas estreitas, mas de estórias, lendas e mitos que os mais velhos tinham o hábito de à noite, sentados nas suas portas falavam das crendices populares aos mais jovens.
           Entre uma e outra lenda, destacava a de um homem estranho, relatavam que, quando era visto por alguém de modo assustado com olhos redondos e esbugalhados estava sempre a se esconder. A figura estranha sempre a assustar as redondezas, pois diziam que este ser de hábitos curiosos era de outra dimensão e estava sempre em metamorfose, isto é, de dia era gente e a noite virava porco.
            O místico da metamorfose tomou conta da cidade, espalhava-se que o fato ocorria sempre nas noites taciturnas, à meia-noite das sextas-feiras, logo era correr o risco de ser abordado ao caminhar nas altas horas da noite, pois o homem que virava porco aparecia para atacar os transeuntes, corria atrás das pessoas desavisadas com seu corpo escuro, ruídos e roncos semelhantes aos porcos que mais causava o maior alarido.
           Quando se tratava de criança e jovens aí o fato tomava maior repercussão, a notícia espalhava rapidamente pela redondeza.
- Vocês já estão sabendo da novidade?
- De que?
- Tem um homem estranho que vira porco?
- Onde é isso?
- No canto da casa Seu Gêgê?
Logo, todos arregalaram os olhos movidos pelo medo e um místico de curiosidade.
         Então um grupo de jovens se reuniu e após as muitas discussões resolveram aguardar para verem se era verdade, se o homem aparecia, juntaram-se no final da rua e ficaram a espreita esperando a meia-noite para vê se o tal homem aparecia, e no meio da calmaria da noite, logo o mais afoito e sustentado pelo medo sai correndo, e todos perguntam o que houve?
- Corre, corre, lá vem o bicho...
- Lá vem o homem que vira porco... Corram... Corram... É o porco...
        Num súbito de reflexo causado pelo medo, todos saem em desabalada correria como se fossem animais amedrontados. Ao pararem no final da rua, sob a penumbra da noite, se deparam com um enorme porco de pelo preto que roncava e que caminhava lentamente pelas ruelas à procura de comida, desconfiados caminharam sem tirarem os olhos do animal, que como, se estivesse hipnotizado pelos olhares assustados, manteve-se a andar mansamente pela rua à procura de comida.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Contos de Amor" - Outubro de 2016