Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

 

 

Carta ao meu primeiro e eterno amor

 

 

       Se alguém disser sobre o amor, ou disse, “que seja eterno enquanto dure”, eu digo: - que seja eterno enquanto for lembrado. O primeiro amor é sempre eterno, porque é impossível alguém esquecer o tempo em que conviveu com o primeiro amor.
       Meu amado amor, como eu gostaria de ter dito a você que nunca vou esquecê-lo e que depois de tantos e tantos anos ainda sonho com você, às vezes passo nos lugares onde foram cenários do nosso amor e sinto sua presença. Vem à lembrança aqueles momentos tão puros, tão cheios de carinho, tão seus, tão meus e tão nossos. Como foi boa a época que passamos juntos, que dividimos alegrias, que compartilhamos tantas coisas: praias, passeios, viagens, festas com muita música e como gostávamos de dançar. O vento brincalhão traz o som das suas gargalhadas nos filmes de comédia.
       Lembra? Eu terminei com você e sequer dei a menor chance de você se explicar. Não expliquei também, simplesmente disse: - não amo mais você, nunca amei. Amo outra pessoa. Tchau. Não me procure, não quero vê-lo nunca mais. Essa foi a maior mentira e meu maior estúpido pecado de amor.
       Foram três anos de convivência amorosa jogados fora, largados nas nuvens, perdidos no vácuo que vagueiam na minha memória.
       Não existe momento mais infeliz e mais cruel quando matamos um amor. Cena triste e dolorosa.
       Uma pessoa, que se dizia nossa amiga, foi até minha casa e contou que você tinha vida dupla e levou até uma testemunha para parecer que era verdade.
       Eu não podia entender uma traição, me senti uma verdadeira idiota, uma pessoa que não merecia ser amada. Não quis mais vê-lo, ouvi-lo ou ouvir alguém falar de você.
      Chorei, chorei muito, durante muito tempo. Sofri, sofri como se o fogo queimasse o meu coração. Entrei em depressão, fiquei muito mal. Tudo que parecia tão lindo se transformou em pesadelo. Perdi a confiança na vida, perdi a razão para acreditar no amor.
     A maturidade fora do tempo é mais perigosa do que a imaturidade no tempo certo.
     Sobrevivemos. Você foi viver sua vida, eu procurei outros caminhos.
      Não me tornei amarga e nem triste. Na escola da vida aprendi a buscar a verdade, a perguntar e expor sem medo de perder, a reconhecer, desmascarar e me afastar de pessoas más, invejosas e cruéis.
       Hoje sou feliz, amo e sou amada.
       Depois de muitos anos descobri que tudo não passou de uma intriga muito bem planejada, como uma novela muito bem dirigida. E eu, ingenuamente acreditei. Soube também que você sofreu muito, feri você, feri a mim e feri o amor.
       Ah, amor! Quantas vezes saí pensando encontrá-lo em algum lugar e eu tivesse a oportunidade de pedir perdão a você. Quantas vezes quis abraçá-lo, ter seus beijos. Tantas vezes ouvi nossa música. Quanta saudade de tudo que vivemos e de tudo que poderíamos ter vivido...
        Passou, a ferida cicatrizou, mas ficou a marca que nunca vai se apagar. Você está para sempre tatuado e amalgamado nas minhas lembranças. Ô tempo feliz!
       Esta é uma carta de reconciliação com a nossa história de amor. Imploro perdão milhões de vezes. Perdão ao amor, perdão à vida, perdão ao passado, perdão ao tempo, perdão ao pôr do sol, a lua, a chuva, aos dias e as noites que tinham sido preparadas para vivermos aquele primeiro amor. Perdão meu querido amado e eterno amor.
      Marie

 

 


 

 

 

 
 
Poema publicado no livro Os mais belos Contos de amor - Edição 2019 - Setembro de 2019