Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

 

Grande Mãe

                

 

Malmequer, bem-me-quer. Eterna dicotomia. Todos querem ser amados e amar, mas os desencontros são tantos que produzem no planeta uma desordem que alcança até os cosmos. A cadeia existente entre todos os seres não deve e não pode ser partida. Sabemos que o mundo animal depende do mundo vegetal. A fauna tem a ver com a flora. A flora tem a ver com a atmosfera. A atmosfera depende de como os seres se comportam. Sim, o homem não quer ser mal querido, mas em seus atos e atitudes não respeita o coração que o ama e lhe quer o maior bem. A Terra, nossa grande mãe, cultiva os laços de amor e de amizade. Quantas vezes embaixo de uma faixa de asfalto quente, pegajoso, encontra-se latente um grande jardim ou um belo pomar. A Terra, embora maltratada, continua armazenando insistentemente um inesgotável carinho pelos seres que a povoam. Se nos fosse possível retirar todas as estradas, veríamos rios renascendo, fontes generosas de água saudável, abelhas fornecendo o seu melhor mel. As abelhas estas pobres meninas, estão sendo extintas; as borboletas não alegram tanto os jardins e os vagalumes só existem nos desenhos animados. Seus bumbuns brilhantes não passeiam rasteirinhos pela grama dos jardins e dos quintais.
Ora, ora! Por quem choras?
Por um amor perdido, por um malmequer, ou por uma flor despetalada com um final decepcionante? Por tudo e por nada; pela humanidade desumanizada?
Despetalamos a flor ao “Deus dará” e veremos o que sucede: um maremoto – malmequer; um pessegueiro em flor – bem-me-quer; um tsuname - malmequer; um recém-nascido - bem-me-quer; um órfão de guerra - malmequer; um sorriso mesmo sem dentes - bem-me-quer; um tiroteio - malmequer; a cura do câncer -  bem-me-quer; um desabrigado - malmequer; uma bênção divina - bem-me-quer...

Que o ano menino, que já vem nascendo, seja repleto de pétalas de bem-me-quer.

Felicidades!

 

 

 
 
Publicado no Livro "Bem-me-quer, Malmequer" - Edição 2018 - Março de 2019