Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

Não morrer...

 

Sem ter visto Fred Astaire dançar.
Sem ter cantado…e também dançado na chuva.
Sem ter confessado juras de amor eterno à pessoa amada.
Sem ter tentado, mesmo que em vão
desvendar os mistérios da vida, do micro ao macrocosmo.
Sem ter visto o mar…provado de sua água salgada
e ouvido seu murmúrio infinito de marejar.
Sem ter se imaginado num deserto.
Sem ter ouvido a doce e misteriosa canção de um pássaro
sem ter parado para apreciar seu voo
carregando no bico um raminho para construir seu ninho
ou minhocas para alimentar seus filhotinhos.
Sem ter visto peixes nadando num aquário
e não ter entendido nada!
Sem ter chorado (até seus olhos secarem) pela perda de alguém.
Sem ter crucificado demônios.
Sem ter se deleitado com o oculto das coisas.
Sem ter questionado a existência de Deus e a redondez da Terra.
Sem ter revelado a outrem o segredo de alguém.
Sem ter roubado um doce escondido.
Sem nunca ter tomado um porre.
Sem ter cometido um ato heroico.
Sem ter recebido sequer um elogio de alguém.
Sem ter visto uma Folia de Reis.
Sem ter mergulhado fundo no poço da depressão.
Sem ter cheirado uma rosa e sentido o toque
da suavidade aveludada de suas pétalas.
(Algumas pessoas acham que não deveríamos morrer
sem antes ter ido a Paris).
Sem ter voado alto na imaginação.
Sem nunca, numa oração, ter escutado o que Deus falou.
Por isso tudo e muito mais…vale a pena VIVER.

 

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Poemas de Amor" - Setembro de 2017