André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Seu olhar no amanhecer

 

Somente eu ali sabia... Naquele dia tudo teve um fim
O sol depois do seu caminho azul
Perdeu o brilho d'ouro de Istambul
Levando todo amor... Você de mim...
E o vento exterminou o dia... Num cataclismo que riscou o céu
Em fogo sem o azul, bradou corisco
Queimando o amor em seu mais lindo aprisco
E um verso em cinza branca ao meu papel...
E olhando a noite que engolia... A claridade dos seus olhos belos
Nos meus deixando em brasas, apagados
Com ventos em rajadas pelos lados
Levando aos chãos de areia os meus castelos...
Sentindo... A madrugada erguia um manto, a vastidão, a lua e a treva
Que da janela desfilavam estrelas
O meu celeste alento, pois ao vê-las
Brilhava uma esperança, à luz longeva...
Cansado em lágrimas dormia...
À entrega de um sonho em meu desejo
Minh'alma sobre as vagas sombras suas
Caminhava solitária pelas ruas
Sentindo o amanhecer na luz de um beijo...
Ó céus, me revelai alegria...! No orvalho a escuridão em mim cedia
E num roçar à minha face a brisa
Tão lisa, pura e suavemente à guisa
De suas mãos a fonte da poesia...

E o sol em nova aurora a me trazer
A luz do seu olhar no amanhecer...

 
 
Poema publicado no livro "Os mais belos Poemas de Amor" - Setembro de 2017